Sabes, lá fora o mundo desmorona-se em escuridão, tristeza, medo, desamor. Cá dentro, tenho-te, e tenho, portanto, o mundo, a luz das velas e do teu sorriso, a alegria de me saber querida, a proteção da tua pele suave, cálida, perfumada e o prazer de me sentir amada. E se este edifício desabar na tempestade que ruge e abana gelosias e portas, deixando entrar o vento fustigante, que açoitará as velas e nos deixará nas trevas, terei o bater do teu coração para me guiar. Mesmo que, finalmente, a morte nos venha reclamar, dir-lhe-ei veementemente que não nos tomará, porque, se encontrar, no breu mais escuro, às apalpadelas, o teu pulso, seguirei a linha de sangue pulsante até ao teu peito e sei que tudo estará bem. Eu sei.
